quarta-feira, 26 de janeiro de 2011


"Tenho mais alguns anos diante de mim e depois quero acabar de repente. Não sei se valeu a pena mas também não me pergunto se valeu a pena. Há muitas coisas assim.Não é desistir, é só dar demasiada importância a coisas que não a têm. A vida é uma delas. Ganha um valor particular quando deixamos de a encarar como o centro de tudo. É só por acaso que gostamos das flores e do mar. E, claro, que é um bom acaso. Mas mais do que isso não.Quase gosto da vida que tenho. Quando a quis toda não gostava de mim. Agora há dias em que aceito que o tempo passe por mim e me leve para onde só ele sabe. ...Vivo sozinho. Passam pessoas, mas nunca ficam por muito tempo. A partir de certa altura intrometem-se tédios por entre as frases e não sabemos continuar. Não insisto. Há muitas pessoas. Não vale ter medo. Há muito que o amor mostrou ser um fracasso. No dia seguinte, no escritório, esperam-me problemas por resolver e decisões que valem dinheiro. Não posso sofrer.Claro que por vezes me sinto triste como toda a gente. Mas é uma tristeza doce, como um descanso. E como não espero nada, não faço nada. De uma maneira ou de outra também acabarei por adormecer esta noite.
" - Quase gosto da vida que tenho - Pedro Paixão

“Há sempre, em todas as vidas, palavras que ficam por dizer; aos pais, aos namorados, até aos amigos. Seriam frases de amor, de ódio, raiva ou ternura. E é muitas vezes na sua ausência que a vida encalha, como um navio perdido.” - Marta Gautier - Tanto que eu não te disse

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(Moinho de Carreço - 2008?)

Na condição de eterno insatisfeito, de alguém que nunca sabe o que quer e que julga sempre saber o que não quer, mesmo que não saiba muito bem o que isso signifique ou o que isso implica ou envolve, penso muitas vezes nas pessoas cujas vidas já cruzaram a minha e no quanto a minha foi afectada/influenciada por esse acontecimento...
Talvez por passar demasiado tempo agarrado ao que já passou, penso demasiadas vezes nessas pessoas, nesses momentos, não resolvo nada, não revivo esses instantes, essas pessoas, nem vivo desses regressos ao que passou, mas sou assim, saudosista por natureza, pensativo por insistência e meio trengo de nascença...
Às vezes penso no que deveria ter dito, no que deveria ter perguntado, no que não fiz e deveria ter feito e fico a "moer" se isso teria feito alguma diferença, se isso, se teria traduzido em mais momentos com esta ou com aquela pessoa... claro está que fico na mesma, as respostas não aparecem, só porque eu quero, ainda mais quando a validades das perguntas, já expirou há muito tempo... Sim, às vezes dou-me conta, que perco demasiado tempo com "merdas" que já não interessam...
Mas não deixa de ser verdade, que o que fica por dizer...atrapalha!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Quase um ano depois e em certos dias sinto que pouco mudou...



Crush
- Garbage

"No regresso a casa, dei conta da confusão que deixei instalar neste pequeno espaço a que posso chamar meu, desde a entrada, passando pelo quarto ou pela sala e até na varanda, encontro coisas espalhadas, tapetes desalinhados, moveis por limpar, plantas secas ávidas de água e na loucura das atenções um adubo nesta altura do ano não seria nada de especial, mas sem precisar de procurar, até porque se encontram bem à vista, vejo os saco das reciclagens abarrotarem quer de plásticos, quer de papeis. É igualmente fácil de perceber que, apesar da desculpa do feriado, já deveria igualmente ter colocado o lixo na rua... a semana passada.
Enquanto mudava de roupa, pois o final de tarde trouxe chuva, que mesmo de curta duração foi suficiente para me ensopar as calças e a camisola, dei conta, ao espelho, da minha (triste) figura. Enquanto esperei que o vapor da água quente do chuveiro se instalasse pela casa, continuei a despir-me e a avaliar-me no reflexo. O cabelo em desalinho diz-me que preciso de o cortar, a barba por desfazer desde há dias lembra-me que não me tenho observado ao espelho com atenção, de outra forma não a deixaria chegar a este tamanho, deixo os olhos percorrer-me o corpo e à pele seca acrescento ainda a estrema magreza que detecto na zona do peito, nos braços e pernas, não dei conta de perda de peso, mas o facto das calças dançarem e parecerem maiores do que o que são, pode afinal ser explicado. Estou magro, seco, descuidado...
A ronda de avaliação, continua agora pela roupa, há um monte dela por passar, há outro ainda maior que precisa de ser lavado e dou-me conta que deixei de ter ordem nas gavetas, a que antes era só de meias, apresenta agora t-shirt's, boxer's e papeis que caíram da gaveta de cima, utilizada para os recibos da luz e da agua e de todas as outras coisas que me chegam para pagar e que guardo com a intenção de um dia os organizar.
Peguei em roupa do armário e deixei-me arrastar até à sala, com intenções de colocar alguma música a tocar. Mais uma  revelação, dei-me conta que dos poucos cd's que estavam pelas caixas,  raros eram os que correspondiam e dei razão a quem tantas vezes me chamou atenção para identificar os cd's de mp3's, um nome, qualquer coisa que fosse.
A minha frase preferida: depois arrumo, virou-se contra mim e a situação está no estado limite de desorganização, não me lembro de ter estado alguma vez neste ponto, tão descontrolado. Há poucas diferenças, entre mim e a casa, estamos um caco, um farrapo, um lixo.
Sem saber ao certo o que estava dentro do cd, liguei o leitor, aumentei o volume e deixei-me embalar até ao banho. A água quase a escaldar, o cheiro a alfazema do gel e do sabonete, trouxeram-me à memoria outros banhos e talvez por isso ou talvez também por isso, aguentei ao máximo o calor da água a escorrer-me pelo corpo, antes de o reduzir. A vontade de mudança, de me querer diferente, aumentou com o escaldão que apanhava e talvez por isso, não senti e nem me importei com o ardor que senti nas costas, causado pela luva de crina e continuei a "purgar-me".
Depois do banho tomado, barba desfeita, cabelo penteado, água de colónia borrifada e creme hidratante espalhado, senti-me outro e tratei de minimizar os estragos, remediar asneiras e arrumei o que pude, da melhor forma que consegui. Mesmo assim, falta uma limpeza profunda, preciso livrar-me de revistas e de jornais, pois vou acabar por nunca os ler, preciso cuidar das plantas, arrumar os cd's, sacudir melhor os tapetes e passar um reparador nos moveis e chão. Tenho que organizar a roupa, alguma de Inverno é já para guardar e posso já começar a deixar à mostra t-shirts e camisolas mais finas, começam a ser precisas.
Num balanço rápido pelo fim da tarde, é notório o esforço e a mudança no aspecto das coisas, é ainda mais notória a tomada de consciência de algo que sei desde há já muito tempo, é mais fácil arrumar o que é visível do que o que me é mais essencial: eu próprio. Por dentro, continuo desalinhado, continuo descuidado, continuo magro, continuo vazio..."
ps. a beleza das palavras está na maior parte das vezes, no que conseguimos fazer com elas, num mundo (como o meu) em que a realidade, o sonho e a ilusão, se misturam entre si e igualmente com a ficção, é difícil por vezes ter a noção onde cada uma das dimensões começa e termina. Por ser assim complexo, por o meu mundo ser assim complexo, muitas das vezes perco-me no que digo, no que sinto, no que digo sentir e deixo-me levar no remoinho das lembranças, dos sonhos, do que gostava de ser e não consegui ou me deixaram. Agarro-me a um sorriso, a um olá, a um gesto, como se fosse a mais pura das declarações e sinto as ausências e as distâncias como um anzol a ser arrancado... e perco-me!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011


(escrita - 2008, Pentax Me-super)


A tinta das canetas
reflui de antipatia
e impregnadas, assíduas
cambam as borrachas
Não há fita de máquina
que o uso não esmague
o vaivém não ameace
de dessorar os textos
Mas a grafia nada diz
de pausas na cabeça
Vozes inarticuladas
adensam, durante elas
uma tempestade
recôndita
E nubladas carregam-se
as suspensões
encadeando em nós
o ritmo do presságio.

-Sebastião Alba, in Uma pedra ao lado da Evidência


 A vontade de te escrever é sempre muita. Havendo muito ou pouco para dizer, o gesto é sempre o mesmo, a caneta move-se a um ritmo próprio, como que já sabendo que palavras desenhar.
As palavras, que serão sempre palavras e como tal serão perdidas ou trocadas por outras, ditas por mim ou por outra pessoa, aparecem rapidamente no papel. É mais fácil senti-las deste modo. A ponta do aparo, o brilho da tinta, a imperfeição do papel, o próprio cheiro e textura da folha, tornam estas palavras reais, dão um ar de prova física e a cada instante é possível voltar a ler, pois estão lá, verdadeiramente escritas e não apenas ditas. Porque palavras ditas, leva-as o vento, prefiro escrever, perpetuando assim as asneiras, os sonhos, ambições, os medos e desejos que me acompanham os dias.
Há sempre alguém que inspira, alguém do passado, alguém do presente, alguém que pode ser futuro... alguém que como tu, estás presente, mesmo estando ausente, seja num pensamento, num sorriso recordado ou numa mensagem recebida.
E sem saberes, és mais importante do que imaginas. Marcas a diferença entre uma boa e uma excelente tarde ou um simples acto de beber café com amigos.
As palavras que nunca te disse, poderás encontra-las escritas, em livros, em musicas, em pequenos poemas ou até numa flor que abriu aos primeiros raios de sol. E as que nunca te direi, poderás sempre insistir e perguntar e prometo escreve-las, e as páginas de papel, servirão como prova, se assim quiseres.
Não haverá coincidências e seremos os donos do nosso destino... mas há alturas que acredito saber o que quero e certos sinais, são indícios de algo que só eu entendo e sei interpretar. Poderá ser uma defesa, mas penso, que isso poderá ser uma forma de conseguir antecipar o que ai vem e uma forma de me preparar.
Não desisto de querer ser feliz, e sei que mereces o melhor e que se pudesse te dava o mundo... quanto ao futuro, constrói-se, com bases solidas e muita paciência.
Porque gosto de ti e isso já escrevi várias vezes...
(imagem retirada da Internet)

" Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. "  Provérbio Chinês

A este provérbio poderia acrescentar várias coisas, mas hoje, acrescento o tempo, pois é algo que não controlámos e podemos ou não fazer um bom uso dele, tal como já dizia o anuncio "tempo, tempo é aquilo que fazemos dele...!
Tempo é algo que cada vez mais...menos temos! Temos cada vez menos tempo para nós, para os outros, para nos darmos aos outros, para conhecer os outros, para partilharmos com os outros e no fundo é algo que acabamos sempre por não valorizar e até desperdiçar... o tempo dos outros, o tempo dos outros connosco!
No crescente egoísmo em que vivemos, nem valorizamos por vezes pequenos instantes ou momentos  que alguém partilha connosco, aquele minuto que alguém perde a escrever uma mensagem de olá ou de bom dia, aquela pausa que alguém faz para podermos passar na fila, nos momentos em família que alguém abdica quando atende o telefone para assuntos de trabalho à hora de jantar, nesses pequenos nadas que todos os dias acontecem e nem sempre valorizamos.


(depois continuo... agora não tenho tempo...)

 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

De vez em quando procuro ler textos antigos que escrevi e pensar no que mudou, no quanto mudei, nem sempre gosto das respostas que encontro, nem sempre gosto de me ver à distancia e confirmar que tudo é igual ou que tudo é diferente...
Este é mais um texto, dos que recuperei do antigo blog... e é curioso que podia ter sido escrito hoje... e no entanto já é de Abril de 2008!!!

"Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos deuses...
Mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti..."

Carta - Toranja

Nos breves momentos de lucidez que consigo atingir, entre noites que não consigo dormir descansado e os dias que passam de uma forma acelerada sem que consiga perceber um mínimo dos mínimo do que se passa comigo, descubro-me nas asneiras e identifico-me nos erros que às vezes aponto, refiro e revelo.
Sou um eterno errante, apaixonado pela vida, que sonha com um mundo perfeito de loucos como eu, onde me possam entender sem que surjam duvidas, más interpretações ou que fiquem com um pé atrás na defensiva.
Esqueço-me que a maior parte das pessoas, funciona ao contrário de mim : são mais racionais, mais ponderados e controlam-se, para que a insanidade não se revele...
eu sou um pouco diferente, o meu mundo é ideal, as consequências vão pouco além de mim do que possa sofrer, pois sou sincero e nunca minto a ninguém.
Eu podia quase ser um Alberto Caeiro dos tempos modernos, tivesse eu arte e engenho para domar as palavras e organiza-las em frases que traduzissem sempre o que sinto e seria poeta. Como me falta esse dom e vivo num caos reorganizado por tipos de confusão, fico-me pela brincadeira com as palavras , um pensador e amante da vida simples, do campo e das pessoas.
A prova dessa minha inconstância está aqui, nesta minha desorganização, na incapacidade de me manter fiel à linha de um pensamento e escrever, escrever muito, andar às voltas, esquecer-me do assunto principal, do que quero dizer.
Falava dos momentos de sanidade, pequenas pausas lúcidas , de uma mente que vive a altas rotações, que sonha enquanto fala, enquanto vive, enquanto olha nos olhos das pessoas, enquanto respira. Falo das pausas em que baixo a defesa e me torno o mais normal dos normais e deixo de lado a máscara, que a insegurança de não ser percebido, me leva a colocar, baixo a guarda e sou um simples dos simples, não mais, nem menos que qualquer um. E é nesses momentos que penso, que me avalio e me julgo, que controlo a insanidade que toma conta de mim na maioria das horas e descubro todos os erros que cometo, muitos dos quais, descubro nos outros...
E aproveitando, estes instantes, antes que fraqueza e a cobardia, me controlem durante mais uns minutos, peço-te desculpa, por te ter visto como eu sou, por te querer igual a mim, por pensar que poderias querer estar no mundo como eu estou, por sonhar que poderias ser... o que não és, ou que não queres ser... e acima de tudo, peço desculpa de não te conseguir ver como és, como sempre foste e como quero que continues a ser.
Esqueço-me que esta forma de estar não é vida para todos, talvez só para quem já saiu magoado e sentiu na pele o quanto custa ser abandonado, trocado, esquecido, ignorado e conseguiu esquecer, ultrapassar e voltar acreditar que há gente sincera, a confiar quando lhe dizem que falam verdade e os seus olhos confirmam. Mas para isso é preciso tempo e paciência, talvez não esteja ao alcance de todos...
E neste instante em que a insanidade volta a dar sinal de si e me pede para sentir a textura do papel e o cheiro a tinta da caneta, mesmo que esteja com o teclado entre mãos, aproveito e resisto um pouco mais, para te dizer, continua a ser como és...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011



"True friendship comes when silence between two people is comfortable."

Entre nós são raros os silêncios, há sempre assunto, há sempre algo a dizer e mesmo assim há sempre tanta coisa que fica por contar. 
Mas mesmo assim, há silêncios entre nós, momentos de pausa nas conversas, momentos de sorrisos, olhares, mensagens e sinais que se trocam sem que seja necessárias palavras. 
Conheces-me e eu conheço-te, dá para ver no teu rosto, nas expressões que fazes ou na ausência delas, o que te vai no pensamento, por isso me antecipo muitas vezes e pergunto o que se passa ou encorajo a falares com um simples : -Diz...
Procuras-me, sem que perceba muito bem porquê ou que encontras em mim, que te faça tanta falta. Pergunto-me isso muitas vezes, que raio descobres em mim...quando eu não vejo assim nada de especial, nada de diferente dos demais... mas gosto de te sentir assim, próxima, presente, atenta...
Eu procuro-te, porque sim, porque sim e porque sim! Porque gosto do que encontro, do sorriso com que me recebes, do tom doce com que me falas, pela tranquilidade e paciência que me transmites e por tanta coisa mais... que justifico "porque sim" e englobo tudo na resposta! :-)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011



Será que ainda me resta tempo contigo,
ou já te levam balas de um qualquer inimigo.
Será que soube dar-te tudo o que querias,
ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.
Será que fiz tudo que podia fazer,
ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.
Será que lá longe ainda o céu é azul,
ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.
Será que a tua pele ainda é macia,
ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.

(...)
Será - Pedro Abrunhosa


Não esperava ver-te e muito menos encontrar-te tantas vezes numa só semana. Do nada tu apareces e voltas a deixar-me a pensar e não gosto disso, não gosto de me sentir assim, não posso deixar que me deixes assim... mas deixas! Ainda me deixas assim. 
Tu chegas e do nada apagas a distancia, esqueces o que foi dito e o que ficou por dizer e baralhas-me, confundes-me e enrolas-me com palavras doces, olhares meigos e silêncios arrastados que procuram palavras minhas.
Chegas e de novo me fazes pensar no que já pensava esquecido.
Brincas comigo e eu... eu deixo.
Esqueço-me do tempo que passou, no que dissemos, no que fizemos, na distancia que entretanto se instalou, em tudo... ou tento pelo menos...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

"Nunca me deixaste ter saudades tuas..."

Há tanta coisa a escrever sobre frase...
(uma das últimas fotografias de 2010)

À semelhança dos últimos anos, mais uma vez, num dos dias que antecedeu a passagem de ano, fiz as minhas reflexões, em jeito de balanço, sobre o ano que terminou. Lembrei pessoas, lugares, promessas, objectivos alcançados, metas não atingidas, ilusões e desilusões que vivi e guardei o que de melhor consegui e procurei resumir em pequenas tópicos tudo aquilo que não quero ser, não quero viver, não quero sentir neste novo ano e registei em papel que depois rasguei e atirei ao mar, num acto simbólico em que procuro que o mar se desfaça desses pequenos momentos/sentimentos/pensamentos de que procuro fugir. 
Foi um ano de extremos, momentos e pessoas marcantes e nem sempre da forma desejada, mas cresci, como toda a gente imagino eu, sinto-me diferente do que era há um ano e sou certamente alguém diferente, não necessariamente melhor, mas diferente...
Como em quase tudo na vida, nada é imediato, tudo leva o seu tempo, requer paciência e um período especifico de desenvolvimento, para que aconteça a mudança e por isso, muito do que  passei no ano que terminou, continuo a sentir presentemente, muitas das desilusões e marcas que procuro esquecer, continuam ainda presentes... Da mesma forma, as razões de sorrisos e alegrias, permanecem presentes, numa espécie de equilíbrio entre o bem e o mal...
Ao contrário de anos anteriores, não pedi nada para este ano, não escrevi os meus 12 desejos, não pensei muito nisso sequer, limitei-me a pensar em ser feliz, acho que vale por muitos pedidos e no fundo é aquilo que gosto de ser e que procuro alcançar sempre um pouco mais, todos os dias. 
Acrescentei um novo tópico este ano, agradecimentos e reconhecimentos e a ele associei essencialmente os nomes de sempre, dos amigos próximos que me acompanham há anos, o das pessoas que ao longo do ano se tornaram importantes e até o de algumas pessoas que não conheço pessoalmente, mas que por uma razão por vezes tão simples como me dizerem olá, num daqueles dias em que mais precisei, se tornaram importantes e por isso foram também lembradas.
Houve igualmente tempo e espaço para individualizar certas pessoas, a quem desejei vida eterna, saúde infinita e amor imensurável,  pessoas que se tornaram tão presentes e tão necessárias nos meus dias, que chego a chamar de "minhas" e a atribuir "nomes" só meus, tamanho é o meu egoísmo e vontade de continuar  fazer parte dos seus dias...
Como também tenho momentos negativos e comportamentos reprováveis, numa espécie de acto de contrição, procurei não esquecer ninguém e pedi desculpas sinceras a quem possa ter magoado, esquecido ou desiludido. 
Curiosamente, neste minha espécie de terapia, o tratamento sendo relativamente rápido, não há resultados imediatos, não há curas milagrosas ou alívios instantâneos, apenas a sensação de que mais uma etapa foi alcançada e a consciência que o crescimento individual é feito por etapas, são atingidos.
Que seja um bom ano para todos nós, é aquilo que mais desejo.