sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O Natal e o consumismo...

Ontem presenciei duas situações que me deixaram a pensar no verdadeiro espírito de Natal e no que significa para certas pessoas.
Num dos espaços comerciais cá de Braga, onde habitualmente os artigos são vendidos a um preço mais baixo, simplesmente porque são excedentes de colecções, artigos que estiveram em exposição ou simplesmente como forma de escoar o artigos, observei um adolescente a pedir à mãe uma peça de roupa, uma simples camisa que não custava mais de 5€. Demorei-me na zona dos livros e fui-me apercebendo do pedido e insistência do jovem. Finalmente a mãe concordou e lembro-me bem da expressão do miúdo ao abraçar a mãe e dizer-lhe : -assim, já fica como prenda de Natal, tá bem?
Algo aparentemente normal, peças de roupa como prenda de natal, é algo tido quase como obrigatório e dado como certo por quase todos nós, mas a expressão da cara do miúdo, fez-me perceber que se calhar algo tão banal e aparentemente acessível a tanta gente, significa um esforço e uma ginástica financeira significativa, para aquela mãe/família!
Poucas horas depois, num outro espaço comercial, mais concretamente na fnac, enquanto via as revistas e aguardava a chegada de uma amiga para um café, deparo-me com nova situação de adolescentes às compras de Natal com os pais. Um jovem, não sei dizer ao certo que idade poderia ter, mas possivelmente andaria pelos 15-16 anos, mas com as "ripas" do cabelo à frente dos olhos, com o gorro enfiado na cabeça, a camisolona 2 números acima e as calças a escorregarem-lhe pelas pernas, é-me difícil dizer se teria mais de 16 anos...
Mas este miúdo "exigia" ao pai um determinado computador, enquanto o pai e o vendedor tentavam explicar-lhe que outro, já de si a valer de quase 500€, seria uma excelente compra e que seria uma excelente oportunidade. Ao que o "garoto" respondeu: - Esse não quero! Esse é igual ao da stôra de Português, não quero ser gozado por ter um portátil igual ao da gaja... Quero este e mais nada, já te disse...! 
Dito isto, vira costas e segue para a zona das consolas!
Tal como eu, muita mais gente se apercebeu da situação, uns sorriram, outros abanaram a cabeça, mas penso que fomos mais aqueles que olharam para tudo isto com uma certa tristeza. Enquanto seguia para a parte do café, no interior da loja, cruzei-me com o funcionário e com o pai do miúdo que se dirigiam para uma sala da loja, onde se discutem as questões financeiras. O pai e penso que seria a mãe deste miúdo falavam entre si e com o funcionário da loja e diziam: - Se ele quer este, levamos este! Ou ainda acontece como com o telemóvel que o perdeu, porque não gostava dele... Com o crédito podemos pagar em quanto tempo?
Pareceu-me ver na expressão do funcionário, uma certa tristeza, um certo ar de quem vende a alma ao diabo, pois sendo efectivamente o seu trabalho, não deixa de ser caricato, assistir a situações destas...

E é assim, dei por mim a pensar nisto tudo, se no primeiro caso me apeteceu oferecer-lhe eu próprio a camisa e até uma camisola ou casaco, a este segundo apeteceu-me dar-lhe dois pares de estalos e ainda guardar um par deles para os pais! A verdade é que há muita falta de modos, de educação, de responsabilidades e casos como estes são a prova de que a nossa sociedade é extremamente heterogénea e de que há tanta coisa errada na nossa sociedade!

O Natal não deveria ser isto!!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

"Quantos dias se passam sem tu apareceres. E às vezes penso é bom que assim seja, para eu aprender a estar só. Mas de outras vezes rompes-me pela vida dentro e eu quase sufoco da tua presença. Ouço-te dizer o meu nome e eu corro ao teu encontro e digo-te vai-te, vai-te embora. Por favor. E eu sinto-me logo tão infeliz. E digo-te não vás. Fica. Para sempre. Há em mim uma luta entre o desejo de que te esqueça e o de endoidecer contigo. Porque tu foste de um mundo incorruptível onde o tempo não passa e é aí que tu moras no eterno de ti."

Virgílio Ferreira
 
Trouxe daqui