sábado, 27 de novembro de 2010

No Silencio dos Olhos

Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?


José Saramago
Do livro: "Os poemas possíveis", Editorial Caminho,
1985, Lisboa


"Tenho saudades tuas, da tua forma de olhar... dos teus silêncios. Ao ler este poema, hoje de manha, lembrei-me de ti, dos teus olhos e do modo como te denunciam quando "preparas alguma"...
Consigo imaginar-te perto, mesmo não sabendo por onde andas ou o que fazes. Querendo, consigo lembrar-me de cada pormenor dos teus olhos, consigo ate descreve-los, tal é o modo como os conheço. Desde a forma arredondada em forma de amêndoa, passando pela cor castanha, única, dependendo da luz...ou pelas pequenas marcas num deles. Apreendi a conhecer o elevar da sobrancelha, quando "preparas" alguma ou a forma como brilham quando algo desperta o teu interesse.
E é nestas lembranças que tenho de ti e dos teus olhos, que vou matando as saudades que tenho..."


É complicado, ao fim de tanto tempo voltar a escrever sobre ti, os dedos parecem  conhecer as teclas e  as palavras surgem com naturalidade e isso assusta-me... como é que continu(v)as tão presente? Apesar da vontade ser a mesma, nada vai ser como antes, mudei, mudamos, o mundo mudou... mas sabe bem, ter-te por perto...!