quarta-feira, 14 de março de 2012

"Ela tinha o curioso hábito de tirar fotos ao mar em diferentes momentos de luz, ao longo do dia. Um fim de tarde numa praia resultava frequentemente num apelo magnético. Nunca se cansava de repetir o gesto. No final dava-me as conchas que apanhava e enrolava o cabelo a caminho do carro. Era o tipo de coisas que me faziam gostar ainda mais dela. Quando nos separávamos era raro eu voltar a casa sem vontade de escrever livros inteiros e sei que vou escrever sobre ela, consciente ou inconscientemente, durante muitos anos. Suponho que esteja numa fase em que procuro sobretudo pessoas muito diferentes de mim, muito diferentes das que já conheci. Dou preferência a guerras impossíveis. Falei sobre isto com a minha amiga Mafaldinha. Sobre o pequeno punhado de mulheres que têm entrado e saído da minha vida depressa demais, sobre o vazio que arrastam quando partem, sobre uma em particular que me invadiu o ser. A Mafaldinha foi simpática e prescreveu-me uma terapia de, passo a citar, "três meses sem contactos com o sexo feminino". Assim como quem vai para as termas encolher a barriga e despachar copos de água sem motivo. Se ao menos eu pudesse carregar nesse botão, Mafaldinha. Seria tão fixe. Tão fixe como por exemplo o Maradona largar a droga.

(percebes a metáfora, não percebes?)
"

Trouxe daqui - reflexões d' O Bom Sacana