segunda-feira, 30 de março de 2009

Coisas que eu sei...




"I've known it
From the moment
That we met
No doubt in my mind
Where you belong
"

Adele - Make You Feel My Love

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(TtV - Kodak Box Brownie+CanonG9 . [03/09])

O cheiro da "terra" que o vento fresco trás em movimento, lembra-me, como se fosse possível esquecer, que a Primavera está instalada e que veio em força.
Os campos, os jardins e até os carros e casas com o pó dos pinheiros e das giestas, se mostram pintados. As cores fortes e alegres devolvem a boa disposição, que a queda das folhas e nuvens cinzentas, tiraram por alturas do Outono.
A mudança da hora veio tornar o final de dia mais prolongado, mais rico nas cores quentes e aumentou também a disposição e vontade para andar por fora.

Mesmo sem te olhar, consigo ver-te no dançar das flores, na roda que o vento provoca nas pétalas, nos detalhes das pétalas ou do pólen e até nas pequenas joaninhas que descubro na fotografia. As nuvens, lembram-me que nem tudo é perfeito, que nem sempre o sol pode brilhar em pleno e que também somos assim, "meio-meio", que nos pintámos de escuro e complicamos o que parece simples. Mesmo sem te ter comigo, trago-te nas memorias, nos cheiros e nas cores da terra, das plantas do campo, nos sonhos.
A água que se desloca em ciclos, é talvez a que melhor me percebe, pois tal como ela, também eu me deixo levar ou me afasto, desapareço por uns tempos, como que "evaporando" quando preciso de espaço ou que sintam a minha falta, mas volto sempre, mesmo que não seja em forma de gota de chuva ou granizo, mostro-me quando me chamam ou precisam, revelo-me ao meu jeito e não deixo que me esqueçam...
Somos assim ou se calhar não somos nada e andamos iludidos, entretidos com o tempo ou enganados com a conversa.
Mas que os dias quentes me fazem pensar em ti, que as flores me fazem lembrar-te e que até o vento me trás o teu perfume, isso eu sei, isso são coisas que eu sei...

Livre...


("Joaninha" - Março 09)


Alguma da beleza de algumas pessoas ou animais, está na sua liberdade! Sendo livres, podem sempre voltar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Aventura...

Já tinha ouvido falar nesta viagem, depois encontrei a reportagem (penso que no JN) e finalmente decidi-me a ir visitar o site.

Do Porto a Pequim, num 2cv (Deush), deve ser simplesmente uma loucura.

"Dois Oceanos, dois Continentes, oito fusos horários distintos, 50.000km cumpridos a 70 km/h entre o Porto e Pequim ao volante de uma verdadeira lenda da estrada. Todo um novo mundo descobrir, a aventura de uma vida transformada num projecto com forte impacto social."
"O Objectivo: ligar o Porto a Pequim, ida e volta, desenhando duas rotas distintas e cruzando o maior número de países que o tempo, o orçamento e as burucracias permitam.
Duração: perto de 8 meses, de inícios de Maio a finais de Dezembro.
O Orçamento: estimamos que à volta dos € 40.000,00. Para já, temos dinheiro suficiente para nos lançarmos à estrada. Conseguir o resto é apenas uma outra faceta da aventura. "



(Tiago Moreira Alves e seu 2Cv em Moscovo)

Podem acompanhar aqui, as aventuras (e não são poucas) desta "dupla".

quarta-feira, 25 de março de 2009



"Eu a convencer-te que gostas de mim,
Tu a convenceres-te que não é bem assim.
Eu a mostrar-te o meu lado mais puro,
Tu a argumentares os teus inevitáveis."

Quebramos os dois - Toranja


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( TtV- through the viewfinder - Yashica A + CanonG9 )

As cores esbatidas como que gastas, os contornos pouco nítidos como que mal focados, o grão e os riscos que mais parecem de uma tela ou papel rugoso, o rebordo mal cortado que revela as marcas de margens, as linhas que mesmo tortas guiam o olhar ou a diferença de idades (mais de 50 anos) entre as duas máquinas, tornam estas imagens, fotografias quase únicas.
Estou cada vez mais encantado por esta brincadeira, manipulação ou simples alteração da realidade, este aspecto "falsamente" descuidado, imperfeito, tosco, é uma espécie de visão do mundo. Se tudo fosse perfeito, igual e demasiado cuidado, seria tudo um enorme aborrecimento, seriamos todos máquinas programadas e talvez sejam os anos a pesar ou simplesmente uma nova fase e consequente novas perspectivas e visões do mundo, mas cada vez mais aprecio a diferença, as boas diferenças, as reais, as verdadeiras que se distinguem facilmente das artificiais. Um pouco como as pessoas, prefiro cada vez mais as "imperfeitas", as reais, as que erram e que assumem e tentam corrigir, as que se preocupam em viver ao seu modo e que assumem e tentam resolver as coisas, quando estas correm menos bem...
Ao longo da vida, são milhares as pessoas com quem nos cruzamos, serão centenas aquelas que de alguma forma chegamos a interagir e são apenas algumas dezenas aquelas que de facto são importantes e contribuem de facto para o nosso crescimento. Do que já vivi, do que já conheci, do que já pude perceber, é com as pessoas mais simples, mais verdadeiras, mais reais, mais "imperfeitas" que melhor me descubro.

domingo, 22 de março de 2009



"And I think of you whenever life gets me down
I think of you whenever you're not around "

Think Of You - A Fine Frenzy

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(
through the viewfinder - Yashica A + Canon G9 )


Tardes assim como esta, ao sol, sem vento, sem gente por perto, com areia nos pés, com mar à vista e um sorriso enorme ao meu lado, fazem-me querer que o tempo passe a correr e volte a ser fim de semana...
Para ser perfeita a tarde, faltou-me dizer (um pouco mais alto) gosto de ti...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Temos que ver...



well it's been a long time, long time now
since I've seen you smile
and I'll gamble away my fright
and I'll gamble away my time
and in a year, a year or so
this will slip into the sea
well it's been a long time, long time now
since I've seen you smile

nobody raise their voices
just another night in Nantes
nobody raise their voices
just another night in Nantes

Nantes - Beirut

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Os dias de sol, as flores na varanda, os cheiros frescos e até o pólen que anda no ar trouxeram-te de novo aos meus dias. Desperto contigo em pensamento e levo-te onde vou, acompanhas-me durante o dia, nas novas rotinas e gestos no laboratório, fazes-me companhia entre diluições, filtragens ou nos instantes passados entre cromatografias e só ainda não te levei a ver os espectros de Raman, porque normalmente é um lugar cheio de gente, onde me sinto sempre muito observado e por isso tento não me distrair.
Não consigo esquecer-te e mesmo sabendo que quanto mais disponível me mostro... mais tu te afastas e me afastas no processo, continuo a querer-te por perto, sempre mais e mais, tentando não pensar demasiado e fingindo não saber ao que isso me (nos) pode levar... insisto! Porquê? Porque sou assim, contigo sou assim, não me canso de tentar contigo o que com outras pessoas percebi ser impossível.
O calor de um Verão que chegou mais cedo, fez-me arrumar os casacos e camisolas e parece-me que com esses agasalhos todos, também ficaram arrumados no armário as duvidas, os receios, a vontade de ficar quieto e com todo isso voltei às resoluções do novo ano e respondo a quem me pergunta, como continuo a acreditar, da mesma forma simples que respondo a muitas outras questões : porque sim! Porque sou assim e não sei ser diferente... nem quero se-lo!
No Universo, até a própria desorganização é organizada, pode ser explicada, nada acontece por acaso ou ao acaso e mesmo objectos ou acontecimentos aparentemente afastados ou sem qualquer interacção estão na verdade intimamente relacionados e em interacção constante, não seremos nós também assim? Temos que ver isso...

Ainda mais simples....

Simples



(Cores de Primavera - 3.09)


"I, feel the time, slowly drifting in my veins
Memories, remains.
Confined, I’m alive, somewhere by the autumn leaves
Falling in between

‘Cause no one's there to hold my head up high
No one's there to peace my mind

Alone lies my soul
I'm so cold, I'm afraid
To find hollow life
Sleepless nights, empty days

Opaque fading eyes stumble in my face
Through the crowd I forsake
Demised I’m aside weaked by the lonely haze
Of no point, no aim

‘Cause no one's there to hold my head up high
No one's there to peace my mind

Alone, I'm afraid
To find hollow life
Sleepless nights, empty days

Alone…"

Alone - RAMP

domingo, 8 de março de 2009

De uma simples videira... uma reflexão!




("Seiva ou a vida que ainda corre..." 3.09)


"Time is never time at all.
You can never ever leave without leaving a piece of youth.
And our lives are forever changed.
We will never be the same.
The more you change the less you feel.

Believe, believe in me, believe.
Believe that life can change.
...

Believe in me as I believe in you, tonight. "

Tonight, Tonight - Smashing Pumpkins


À semelhança do sangue, no corpo humano, nas plantas a seiva tem a função de transporte de nutrientes, é mesmo como o sangue no nosso organismo, é fundamental.
Hoje reparei nesta videira, cortada há mais de uma semana e que ainda "chora". As transformações, os cortes, as podas, todas as intervenções numa planta (e em seres humanos igualmente), demoram o seu tempo a serem processadas, assimiladas e o organismo precisa de tempo para se adaptar as novas situações. Neste caso, o ramo podado já está num monte, a secar para ser queimado e no entanto a matriz e essência da planta ainda luta por ele, continua a "alimenta-lo" e a seiva continua a circular e a pingar.
Afinal as plantas também "choram".
A importância das coisas é sempre relativa, mas em parte o resultado é sempre o mesmo, nunca ficamos indiferentes ao que nos acontece.
Fiquei a pensar na videira cortada e dei por mim a pensar em mim... sim, em mim! Fiquei a pensar em relações que terminaram, em pessoas que se afastaram, em situações em que as afastei e outras em que fui afastado e até naqueles em que sem dar conta as ligações e as relações foram-se diluindo e quando dei conta já não estavam ali ou eu já estava lá...
E entre estas coisas todas, veio-me à memoria o esforço que fiz e noutros casos que deveria ter feito, para contrariar esse movimento repulsivo. Deveria ter feito um pouco mais como a videira continua a fazer, deveria ter "alimentando", insistido um pouco mais, mas acima de tudo reconheço hoje que em tempos, desistia facilmente das pessoas, desinteressava-me com facilidade... desligava-me e seguia em frente com naturalidade, sem ficar afectado, sem pensar em quem ficava pelo caminho ou porquê. Também tive alturas em que fiquei "agarrado" a memorias, lembranças, promessas, gestos e palavras.
Acho que envelhecer, amadurecer é um pouco isso, é mudar a opinião que temos das coisas é tomar outros pontos de vista, acreditar mais em nós e nas pessoas, criar laços mais sustentáveis e com cumplicidades reais e é nestes momentos em que uma simples videira que há mais de uma semana que continua a pingar seiva por um ramo que foi cortado, me coloca numa situação de introspecção, que me questiono : ou estou a ficar de facto mais velho ou a ficar completamente maluco!
As pessoas desgastam-se, esgotam-se nas relações, investem tempo, esforços, dedicam-se por inteiro e por vezes os resultados são desanimadores, deixam marcas, amarguram as pessoas e torna-as desconfiadas. Demoram depois muito mais tempo para voltarem a confiar noutra pessoa, acreditarem ser possivel serem felizes e que há pessoas que procuram apenas serem felizes sem segundas intenções...
As nossas vidas estão em constante movimento, transformação e o tempo é algo continuo que não pára ou volta atrás e que nos muda o aspecto, o pensamento, a vontade ou o modo de ser, ao ritmo dos acontecimentos que nos faz viver.
Viver e acreditar no momento, na pessoa à nossa frente, nas palavras ditas à pouco e que ainda ecoam nos ouvidos, sentir o instante e ser feliz assim é a meta a alcançar, o objectivo dos próximos tempos : ser feliz no imediato,sem ter medo e esconder-me no eterno adiar das coisas...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Águas de Março...




(Flores de Ameixoeira - 3.09)

Depois de uns dias de sol, de calor, boa disposição, parece que o mês de Março vai começar com chuva, frio e vento... pelo menos é o que dizem, pois cá por Braga e por Viana, o dia foi Primavera.
É engraçada esta musica "Águas de Março", pois se do lado de lá do Oceano, o Verão está agora a chegar ao fim, deste lado a Primavera está ai a dar de si e com ela o bom tempo deverá chegar. Faz de certa forma alguma confusão, falar em chuvas de Março a fechar o Verão...
É uma espécie de andar ao contrário, de fazer as coisas de um modo diferente de todos os outros... no fundo é uma espécie de ser diferente.
E às vezes é assim que me sinto, diferente dos de mais. Um pouco como esta musica, parece-me que às vezes, estou do lado errado das coisas, quando a maioria chega, parto eu, quando a maioria vai, venho eu, quando se calam, eu falo, quando se aproximam eu fujo e fogem quando me aproximo...
Dava um texto dos longos, estas minhas observações, até porque sempre disse e sempre achei que tal como Camões, só para mim anda o Mundo concertado...