quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010



(#? - Fevereiro 2010 - Esposende)

Braga - Trofa - Vila do Conde - Esposende - Braga

Os convites fazem-se para serem aceites, tal como os desafios que se lançam para serem postos à prova e portanto nada como a espontaneidade, a falta de planos ou de horários marcados para trazer ao de cima o que uma boa noite pode proporcionar.
O frio e a chuva que se fizeram sentir ao longo da tarde e inicio da noite, foram esquecidos pelo riso, conversa animada e acima de tudo pela sensação de perda de noção do tempo que nos absorve quando a companhia nos agrada. Uma tarde que se prolongou pela noite e madrugada, como há muito não tinha e que me deixou com vontade de repetir. Sem perguntas ou respostas complicadas, sem cobranças ou regras definidas desde inicio, a conversa escorreu solta, livre e fluída, pelos minutos que se transformaram em horas e com isso o tempo passou, quase sem se dar por ele.
Não sei se gosto de ti, não te posso dizer o que sinto, é cedo, é até absurdo perguntar-me isso, mas sei que me sinto bem contigo, deixo as defesas em baixo, oiço-te e deixo que me leves por onde gostas de ir, ao teu ritmo, à tua vontade e não resisto, nem tento impor-me ou questionar se foi certo ou errado...
O encanto de algumas situações, está na sua surpresa, no facto de acontecerem porque sim, sem motivo ou razão a justificar, apenas porque sim, porque se proporcionam dessa forma e porque permanecem assim, simples, des-complicadas, quase naturais, sem a certeza de que possam ou não repetir-se e com essa possibilidade em aberto a apimentar a lembrança. Um destes dias voltamo-nos a des-complicar ou talvez não e teremos sempre um capitulo a escrever nesta história...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010



Crush
- Garbage

"No regresso a casa, dei conta da confusão que deixei instalar neste pequeno espaço a que posso chamar meu, desde a entrada, passando pelo quarto ou pela sala e até na varanda, encontro coisas espalhadas, tapetes desalinhados, moveis por limpar, plantas secas ávidas de água e na loucura das atenções um adubo nesta altura do ano não seria nada de especial, mas sem precisar de procurar, até porque se encontram bem à vista, vejo os saco das reciclagens abarrotarem quer de plásticos, quer de papeis. É igualmente fácil de perceber que, apesar da desculpa do feriado, já deveria igualmente ter colocado o lixo na rua... a semana passada.
Enquanto mudava de roupa, pois o final de tarde trouxe chuva, que mesmo de curta duração foi suficiente para me ensopar as calças e a camisola, dei conta, ao espelho, da minha (triste) figura. Enquanto esperei que o vapor da água quente do chuveiro se instalasse pela casa, continuei a despir-me e a avaliar-me no reflexo. O cabelo em desalinho diz-me que preciso de o cortar, a barba por desfazer desde há dias lembra-me que não me tenho observado ao espelho com atenção, de outra forma não a deixaria chegar a este tamanho, deixo os olhos percorrer-me o corpo e à pele seca acrescento ainda a estrema magreza que detecto na zona do peito, nos braços e pernas, não dei conta de perda de peso, mas o facto das calças dançarem e parecerem maiores do que o que são, pode afinal ser explicado. Estou magro, seco, descuidado...
A ronda de avaliação, continua agora pela roupa, há um monte dela por passar, há outro ainda maior que precisa de ser lavado e dou-me conta que deixei de ter ordem nas gavetas, a que antes era só de meias, apresenta agora t-shirt's, boxer's e papeis que caíram da gaveta de cima, utilizada para os recibos da luz e da agua e de todas as outras coisas que me chegam para pagar e que guardo com a intenção de um dia os organizar.
Peguei em roupa do armário e deixei-me arrastar até à sala, com intenções de colocar alguma música a tocar. Mais uma revelação, dei-me conta que dos poucos cd's que estavam pelas caixas, raros eram os que correspondiam e dei razão a quem tantas vezes me chamou atenção para identificar os cd's de mp3's, um nome, qualquer coisa que fosse.
A minha frase preferida: depois arrumo, virou-se contra mim e a situação está no estado limite de desorganização, não me lembro de ter estado alguma vez neste ponto, tão descontrolado. Há poucas diferenças, entre mim e a casa, estamos um caco, um farrapo, um lixo.
Sem saber ao certo o que estava dentro do cd, liguei o leitor, aumentei o volume e deixei-me embalar até ao banho. A água quase a escaldar, o cheiro a alfazema do gel e do sabonete, trouxeram-me à memoria outros banhos e talvez por isso ou talvez também por isso, aguentei ao máximo o calor da água a escorrer-me pelo corpo, antes de o reduzir. A vontade de mudança, de me querer diferente, aumentou com o escaldão que apanhava e talvez por isso, não senti e nem me importei com o ardor que senti nas costas, causado pela luva de crina e continuei a "purgar-me".
Depois do banho tomado, barba desfeita, cabelo penteado, água de colónia borrifada e creme hidratante espalhado, senti-me outro e tratei de minimizar os estragos, remediar asneiras e arrumei o que pude, da melhor forma que consegui. Mesmo assim, falta uma limpeza profunda, preciso livrar-me de revistas e de jornais, pois vou acabar por nunca os ler, preciso cuidar das plantas, arrumar os cd's, sacudir melhor os tapetes e passar um reparador nos moveis e chão. Tenho que organizar a roupa, alguma de Inverno é já para guardar e posso já começar a deixar à mostra t-shirts e camisolas mais finas, começam a ser precisas.
Num balanço rápido pelo fim da tarde, é notório o esforço e a mudança no aspecto das coisas, é ainda mais notória a tomada de consciência de algo que sei desde há já muito tempo, é mais fácil arrumar o que é visível do que o que me é mais essencial: eu próprio. Por dentro, continuo desalinhado, continuo descuidado, continuo magro, continuo vazio..."

ps. a beleza das palavras está na maior parte das vezes, no que conseguimos fazer com elas, num mundo (como o meu) em que a realidade, o sonho e a ilusão, se misturam entre si e igualmente com a ficção, é difícil por vezes ter a noção onde cada uma das dimensões começa e termina. Por ser assim complexo, por o meu mundo ser assim complexo, muitas das vezes perco-me no que digo, no que sinto, no que digo sentir e deixo-me levar no remoinho das lembranças, dos sonhos, do que gostava de ser e não consegui ou me deixaram. Agarro-me a um sorriso, a um olá, a um gesto, como se fosse a mais pura das declarações e sinto as ausências e as distâncias como um anzol a ser arrancado... e perco-me!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010



sei de cor
cada traço do teu rosto, do teu olhar
cada sombra da tua voz e cada silencio,
cada gesto que tu faças...

letra de Paulo Gonzo


(flor do campo - 1.2010)


Gosto de pensar que te conheço, que sei quais as coisas que te importam, o que mais gostas, o que mais te faz falta e até o que te faz sentir diferente. Conheço-te o olhar e sei quando algo se passa, quando não concordas com o vês, quando não te convencem com duas tretas, apesar de até dizeres que sim, consigo dizer se estás de facto convencida...
Conheço-te a voz, sei quando falas a sério, quando estás irritada, quando te defendes de algo ou quando estás a brincar.
Pela postura, pela forma como projectas os ombros ou deixas cair as costas, consigo avaliar-te o cansaço e até pela forma como te sentas, se te afundas no sofá ou te sentas à beirinha do mesmo, sei-te dizer se estás ou não à vontade.
Conheço-te. E isso basta-me, para saber que algo se passa.
Os silêncios, as ausências, as respostas breves e posso até dizer a forma como não te revelas, dizem-me que algo se passa, sinto-o e consigo ver com clareza todos esses sinais.
Conheces-me, sabes de mim tudo aquilo que quiseste saber e por isso sabes que estou por perto... quando quiseres, quando te sentires preparada ou simplesmente te sentires com vontade de dois dedos de treta ou partilhar esses teus silêncios...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sem me levar muito a sério



"Por querer mais do que a vida
Sou a sombra do que eu sou
E ao fim não toquei em nada
Do que em mim tocou
Eu vi
Mas não agarrei
(...)
Paro pra sentir
E dar sentido à viagem
Pra sentir que eu sou capaz
Se o meu peito diz coragem
Volto a partir em paz
Eu vi
Mas não agarrei
"

Capitão Romance (letra dos Ornatos Violeta)


(Contemplação - 31.08.2008)

Ando às voltas, contigo em pensamento, sem saber se fico ou se continuo, sem saber se espero e acredito ou se te esqueço e vou embora.
No rascunho que fiz, das conversas que penso ter e dos planos que fui traçando, é tudo simples, não há sequer variações de cores, há o branco do papel e o azul da caneta dos riscos que fiz e das palavras que escrevi.
Quero mais, quero muito mais que um sorriso, palavras meigas e afagos de vez em quando, quero-te por inteira ou então não te quero. Dois meios bons momentos, não fazem um completo e não quero chegar ao ponto que haja desculpas, historias, suspeitas...
Ficamos assim ou amanhã tentamos de novo?


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010



"Não te esquecerei um dia,
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você."

Nem um dia
- Djavan


(#002 - 1.2010)

Volto muitas vezes às mesmas musicas, aos mesmo livros, aos mesmos "mimos" e curiosamente em ciclos que se repetem até com a época do ano, é curiosa esta minha "rotina". Estes dias estava a ver o blog e também o meu antigo e é curioso como me repito, como ando às voltas e acabo no mesmo ponto final ou de partida... ou simplesmente ponto de passagem.
Certas vozes, certas musicas, certos temas, levam-me no tempo e trazem-me de volta e com isso consigo equilibrar-me entre o constante desacerto e as continuas tentativas ...
Como alguém uma vez me disse: és coerente, até nos erros mantens essa tua estranha forma de ser, mantens essa tua linha pela qual te segues sem te desviares e até nisso, até no errar és coerente... repetes-te!


(Cabedelo - Viana do castelo -1.2010)
(carregar para ver maior)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010



"Vai ficar tudo bem
Isso eu sei
Vai ficar tudo bem
Isso eu sei
quando o sol
Se juntar ao mar
E eu te voltar a beijar
Só mais uma vez, só mais uma vez
Só mais uma vez, só mais esta vez"

Negras como a noite
- Xutos e Pontapés

( 29.1.2010 )

O suave perfume a canela, denunciou-te e mesmo antes de dizeres -Olá, eu já sabia que estavas por perto. Não te esperava. Continuas a surpreender-me, aliás como sempre aconteceu, mas desta vez a surpresa foi maior.
Nunca te ouvi falar tanto e desta vez não te interrompi nem por um instante, talvez tenha sido por isso, habitualmente termino as tuas frases, adianto-me e adivinho-te os dizeres... completava-te... pensava eu!
Gosto de ti, digo-te e escrevo-te o que sinto e da forma como o sinto uma e outra vez e repito-o, e isso não mudou, eu não mudei... mas a situação é diferente, algo em nós está diferente, estamos diferentes e precisamos de tempo, de tempo partilhado, de tempo a dois, de tempo só nosso, para que "eu" e "tu" volte a ser dito na forma de "nós"...