quarta-feira, 15 de julho de 2009

De volta às insanidades...


Cabedelo - Yashica A + Ilford FP-4 Plus ( Dezembro.06)

De repente a cabeça deixou de andar a roda e quase tudo fez sentido, identifiquei o espaço, o tempo e até reconheci alguns dos rostos que me observavam. Tentei falar, dizer alguma coisa com sentido, mas os sons que consegui dizer pareciam tão indecifráveis para todos, quanto para mim o que aumentou a curiosidade e o número de olhares sobre mim...
Já quase refeito, procurei sentar-me, rir-me da situação e até procurei simpatia e compreensão nos olhares trocistas que continuavam a "medir-me" de alto a baixo e até de lado a lado.
Não esperava ver-te... e isso bastou para que sentisse no estômago o mais forte dos murros, a marretada mais violenta ou o piparote mais certeiro, todos suficientes para que voasse pelo ar e tal como Icaro ao aproximar-se do sol, caí em queda livre, sem esboçar sequer amparar-me ou amortecer a queda, simplesmente senti-me a ir... e depois a deixar-me cair!
Podia tentar mil e muitas desculpas e sei que nenhuma seria credível o suficiente para pelo menos evitares o riso, deixas-me zonzo, baralhas-me e abanas-me, ao ponto de perder o chão que piso e evidenciar sintomas de alucinado... é isso, deixas-me alucinado!
Fizeste-me querer apanhar ar e acompanhas-me à rua, apontas então para o mar, ligeiramente próximo, mas à distancia de alguns minutos de caminhada. Faço-te a vontade e aos poucos a naturalidade volta, as palavras surgem novamente com lógica e ordenadas em frases coerentes e perceptíveis, dou conta que corre uma brisa que nos trás o cheiro do mar e consigo até, ver as estrelas, recuperei os sentidos!
Agora sim, totalmente recuperado e já bem composto, olho-te em silencio, deixo-te falar e consigo perceber o quanto brilham os teus olhos, à medida que contas essa história de que não me lembro o começo, mas que me faz rir e acenar com a cabeça, tentando parecer totalmente informado. És ainda mais bonita assim ao perto, e melhor, tornas-me a mim mais bonito quando te encostas ao meu ombro ou me deixas que te pegue na mão.
Continuamos o passeio e dou conta dos extremos que me causas, tanto me fazes baloiçar, quanto me acalmas, tanto me confundes, quanto me elucidas e sinto que sabes tudo isso e que esse poder que controlas, dá-te ainda mais força e torna-te ainda mais interessante.
Quase que não falo, oiço-te e faço-o sem esforço, pois o toque de veludo que dás ao final das frases torna-as melodiosas e fáceis de as ouvir.
Ainda falta mais de meio, no caminho para o mar e vou feliz, contigo pela mão, refeito da queda e do riso que provoquei e enquanto te oiço, vou pensando para dentro, que quedas com finais assim, quero eu dar muitas...

3 comentários:

TeKanelas disse...

Fantástica

Zé Carlos disse...

:-) Obrigado. De vez em quando vou ao teu blog de vez em quando, continuo adorar o efeito das fotografias nas Lomo. Gosto essencialmente das formas pouco definidas, dos contornos pouco nitidos e das cores esbatidas... quase sem regras que neste caso identifico com liberdade de criar :-)

Volta sempre que queiras.

Vera Roque disse...

Adorei o texto... adorei a foto!! : )