domingo, 8 de março de 2009

De uma simples videira... uma reflexão!




("Seiva ou a vida que ainda corre..." 3.09)


"Time is never time at all.
You can never ever leave without leaving a piece of youth.
And our lives are forever changed.
We will never be the same.
The more you change the less you feel.

Believe, believe in me, believe.
Believe that life can change.
...

Believe in me as I believe in you, tonight. "

Tonight, Tonight - Smashing Pumpkins


À semelhança do sangue, no corpo humano, nas plantas a seiva tem a função de transporte de nutrientes, é mesmo como o sangue no nosso organismo, é fundamental.
Hoje reparei nesta videira, cortada há mais de uma semana e que ainda "chora". As transformações, os cortes, as podas, todas as intervenções numa planta (e em seres humanos igualmente), demoram o seu tempo a serem processadas, assimiladas e o organismo precisa de tempo para se adaptar as novas situações. Neste caso, o ramo podado já está num monte, a secar para ser queimado e no entanto a matriz e essência da planta ainda luta por ele, continua a "alimenta-lo" e a seiva continua a circular e a pingar.
Afinal as plantas também "choram".
A importância das coisas é sempre relativa, mas em parte o resultado é sempre o mesmo, nunca ficamos indiferentes ao que nos acontece.
Fiquei a pensar na videira cortada e dei por mim a pensar em mim... sim, em mim! Fiquei a pensar em relações que terminaram, em pessoas que se afastaram, em situações em que as afastei e outras em que fui afastado e até naqueles em que sem dar conta as ligações e as relações foram-se diluindo e quando dei conta já não estavam ali ou eu já estava lá...
E entre estas coisas todas, veio-me à memoria o esforço que fiz e noutros casos que deveria ter feito, para contrariar esse movimento repulsivo. Deveria ter feito um pouco mais como a videira continua a fazer, deveria ter "alimentando", insistido um pouco mais, mas acima de tudo reconheço hoje que em tempos, desistia facilmente das pessoas, desinteressava-me com facilidade... desligava-me e seguia em frente com naturalidade, sem ficar afectado, sem pensar em quem ficava pelo caminho ou porquê. Também tive alturas em que fiquei "agarrado" a memorias, lembranças, promessas, gestos e palavras.
Acho que envelhecer, amadurecer é um pouco isso, é mudar a opinião que temos das coisas é tomar outros pontos de vista, acreditar mais em nós e nas pessoas, criar laços mais sustentáveis e com cumplicidades reais e é nestes momentos em que uma simples videira que há mais de uma semana que continua a pingar seiva por um ramo que foi cortado, me coloca numa situação de introspecção, que me questiono : ou estou a ficar de facto mais velho ou a ficar completamente maluco!
As pessoas desgastam-se, esgotam-se nas relações, investem tempo, esforços, dedicam-se por inteiro e por vezes os resultados são desanimadores, deixam marcas, amarguram as pessoas e torna-as desconfiadas. Demoram depois muito mais tempo para voltarem a confiar noutra pessoa, acreditarem ser possivel serem felizes e que há pessoas que procuram apenas serem felizes sem segundas intenções...
As nossas vidas estão em constante movimento, transformação e o tempo é algo continuo que não pára ou volta atrás e que nos muda o aspecto, o pensamento, a vontade ou o modo de ser, ao ritmo dos acontecimentos que nos faz viver.
Viver e acreditar no momento, na pessoa à nossa frente, nas palavras ditas à pouco e que ainda ecoam nos ouvidos, sentir o instante e ser feliz assim é a meta a alcançar, o objectivo dos próximos tempos : ser feliz no imediato,sem ter medo e esconder-me no eterno adiar das coisas...

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