quarta-feira, 25 de março de 2009



"Eu a convencer-te que gostas de mim,
Tu a convenceres-te que não é bem assim.
Eu a mostrar-te o meu lado mais puro,
Tu a argumentares os teus inevitáveis."

Quebramos os dois - Toranja


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( TtV- through the viewfinder - Yashica A + CanonG9 )

As cores esbatidas como que gastas, os contornos pouco nítidos como que mal focados, o grão e os riscos que mais parecem de uma tela ou papel rugoso, o rebordo mal cortado que revela as marcas de margens, as linhas que mesmo tortas guiam o olhar ou a diferença de idades (mais de 50 anos) entre as duas máquinas, tornam estas imagens, fotografias quase únicas.
Estou cada vez mais encantado por esta brincadeira, manipulação ou simples alteração da realidade, este aspecto "falsamente" descuidado, imperfeito, tosco, é uma espécie de visão do mundo. Se tudo fosse perfeito, igual e demasiado cuidado, seria tudo um enorme aborrecimento, seriamos todos máquinas programadas e talvez sejam os anos a pesar ou simplesmente uma nova fase e consequente novas perspectivas e visões do mundo, mas cada vez mais aprecio a diferença, as boas diferenças, as reais, as verdadeiras que se distinguem facilmente das artificiais. Um pouco como as pessoas, prefiro cada vez mais as "imperfeitas", as reais, as que erram e que assumem e tentam corrigir, as que se preocupam em viver ao seu modo e que assumem e tentam resolver as coisas, quando estas correm menos bem...
Ao longo da vida, são milhares as pessoas com quem nos cruzamos, serão centenas aquelas que de alguma forma chegamos a interagir e são apenas algumas dezenas aquelas que de facto são importantes e contribuem de facto para o nosso crescimento. Do que já vivi, do que já conheci, do que já pude perceber, é com as pessoas mais simples, mais verdadeiras, mais reais, mais "imperfeitas" que melhor me descubro.

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