segunda-feira, 17 de janeiro de 2011


(escrita - 2008, Pentax Me-super)


A tinta das canetas
reflui de antipatia
e impregnadas, assíduas
cambam as borrachas
Não há fita de máquina
que o uso não esmague
o vaivém não ameace
de dessorar os textos
Mas a grafia nada diz
de pausas na cabeça
Vozes inarticuladas
adensam, durante elas
uma tempestade
recôndita
E nubladas carregam-se
as suspensões
encadeando em nós
o ritmo do presságio.

-Sebastião Alba, in Uma pedra ao lado da Evidência


 A vontade de te escrever é sempre muita. Havendo muito ou pouco para dizer, o gesto é sempre o mesmo, a caneta move-se a um ritmo próprio, como que já sabendo que palavras desenhar.
As palavras, que serão sempre palavras e como tal serão perdidas ou trocadas por outras, ditas por mim ou por outra pessoa, aparecem rapidamente no papel. É mais fácil senti-las deste modo. A ponta do aparo, o brilho da tinta, a imperfeição do papel, o próprio cheiro e textura da folha, tornam estas palavras reais, dão um ar de prova física e a cada instante é possível voltar a ler, pois estão lá, verdadeiramente escritas e não apenas ditas. Porque palavras ditas, leva-as o vento, prefiro escrever, perpetuando assim as asneiras, os sonhos, ambições, os medos e desejos que me acompanham os dias.
Há sempre alguém que inspira, alguém do passado, alguém do presente, alguém que pode ser futuro... alguém que como tu, estás presente, mesmo estando ausente, seja num pensamento, num sorriso recordado ou numa mensagem recebida.
E sem saberes, és mais importante do que imaginas. Marcas a diferença entre uma boa e uma excelente tarde ou um simples acto de beber café com amigos.
As palavras que nunca te disse, poderás encontra-las escritas, em livros, em musicas, em pequenos poemas ou até numa flor que abriu aos primeiros raios de sol. E as que nunca te direi, poderás sempre insistir e perguntar e prometo escreve-las, e as páginas de papel, servirão como prova, se assim quiseres.
Não haverá coincidências e seremos os donos do nosso destino... mas há alturas que acredito saber o que quero e certos sinais, são indícios de algo que só eu entendo e sei interpretar. Poderá ser uma defesa, mas penso, que isso poderá ser uma forma de conseguir antecipar o que ai vem e uma forma de me preparar.
Não desisto de querer ser feliz, e sei que mereces o melhor e que se pudesse te dava o mundo... quanto ao futuro, constrói-se, com bases solidas e muita paciência.
Porque gosto de ti e isso já escrevi várias vezes...

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