sábado, 9 de outubro de 2010

  (eu, na jante de um carocha - 2007?)

Mais uma noite em que o sono demora aparecer. Mais um dia penoso pela frente, quando daqui a um par de horas o despertador tocar e as obrigações me exigirem que saia de casa, de pasta na mão e sorriso colocado e que esqueça as horas não dormidas e que só pense nisso outra vez ao final do dia.
As palavras... mais uma vez as palavras.
Palavras! Alguém me disse uma vez, que eram elas a maior fonte de erros, de enganos... de ilusão e desgosto. Sim, são capazes de ser.
Criam mares de ilusões, aquelas palavras meigas, adoçadas a mel e perfumadas a Primavera, mas também abrem rios de duvidas, fendas de desilusão, sublinhadas por vozes e nomes, que não conheço.
Ao espelho, as imagens parecem correctas. A visão é clara, de um certo ângulo é perfeita, chamam-lhe reflexo do raio incidente, de outros pontos de vista chamam-lhe refracção e a imagem aparece distorcida... talvez mais próxima da realidade.
Realidade... mais um engano. Um erro logo ao início, procurar no espelho as respostas. Ele mentirá sempre, mesmo sem querer. É a sua forma de ser : inverte a esquerda e a direita das coisas, troca a realidade e os sentidos ás formas, aos corpos, a tudo...
Por isso procuro no espelho aquele que não sou, mas que talvez seja aquele que tu queres que eu seja, ou pelo menos aquele que conheces.
Fala comigo, pergunta-me que eu respondo, não tentes adivinhar pelo que vês. Os olhos mentem, sofrem enganos. O que consegues ver é pouco para aquilo que valho, é uma parte de um todo enorme que se esconde da vista, dos espelhos e se deixa iludir pelas palavras que vais dizendo, em forma de recado que julgo serem sinais... mas que afinal, são apenas palavras. Simples palavras que causam tantos enganos...

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