sábado, 9 de outubro de 2010

("Eu na linha" - 2008 -Carreço, by André)

Não sei se é possivel gostar de alguém por excesso ou por defeito. é estranho dizer e pior ainda ouvir, gosto pouco de ti... gosto muito de ti, soa melhor, mas quanto é que é esse muito?
Uma grande amiga minha, uma altura em conversa, dizia-me que gostava do namorado: "daqui até à lua" e mais ainda... e a verdade é que ambos sabiam disso e sentiam o mesmo, pois hoje são marido e mulher, mas é engraçado pensar nisso, será que é assim tanto? No caso deles sei que sim, mas pensando na frase, a distancia da Terra à lua, é "apenas" de 384.405 km , não sei converter isso em quantidades ou unidades de "gostar", mas é certamente muito e a analogia é das "mais bem" conseguídas que alguma vez ouvi.
É estranho pensar em limites, superiores e inferiores, ou pior, utilizar a matemática e definir integrais de área ou volume que consigam quantificar um sentimento ou pensar em simples expressões que relacionem a distancia com o tempo e convertam isso em unidades de gostar... acho que é impossível e até um absurdo!
Quem gosta... gosta e gosta muito! Mas, não sei, há paixões, há amores, como os de Verão ou os de Outono ou Inverno, que duram o que duram e depois terminam e passados meses ou anos, os nomes são esquecidos, os detalhes do rosto, os tiques do falar ou andar, apagados da memoria e as lembranças daqueles momentos, instantes a dois... desaparecem, mas houve uma altura em que as pessoas "se gostaram"...
Nas ciências, desde cedo, ensinam-nos que tudo tem unidades, menos algumas constantes, mas de resto, tudo tem unidades, tudo pode ser medido, quantificado em distancias, volumes, massas ou energias, mas o gostar de alguém... como é que se mede ou se indica?
É estranho "esta coisa" de gostar de alguém, não se percebe muito bem como começa ou o que leva a isso, não se consegue medir, nem sequer avaliar o quanto se dá ou se recebe, ou o efeito que essa troca/partilha exerce em nós ou conseguimos exercer em alguém.
É difícil falar do que não se vê, mas que se sente... é um pouco como a fé, é algo que sabemos existir, mas não a podemos medir, mas que sentimos e partilhamos.
Gostar de alguém é semelhante, não vemos, não sabemos dizer se é muito, se é pouco ou melhor, não há formas de o quantificar.

Eu gosto de ti, não consigo dizer quanto, mas sei que é muito. Pouco me importa não saber quantificar, a mim basta-me saber o que sinto, basta-me sentir que gosto e sentir que também gostas de mim... mesmo que seja ao teu jeito.
As linhas do comboio são uma bela analogia, começam separadas, independentes uma da outra, apenas partilham pequenas traves perpendiculares, mas em nada as aproxima ou afasta, mas se as continuarmos a olhar, com o aumento da distancia, aos nosso olhos, parece que as duas linhas se aproximam e aumentado mais ainda essa distancia, no infinito como lhe chamamos, quase que podemos dizer que se chegam a tocar e que as duas linhas que começaram separadas, seguem depois juntas.
Penso em nós dessa maneira, começamos separados, afastados e desconhecidos, independentes um do outro e à semelhança das traves perpendiculares das linhas do comboio, tivemos desde o inicio amigos comuns e vamos seguindo com vidas paralelas, que se aproximam e continuam em frente em direcção aquele ponto em que se encontrarão... eventualmente um dia.
Até lá, mesmo não sabendo quantificar ou dizer se é muito ou se é pouco, vou-te dizendo que gosto de ti: tanto como daqui até ao ponto onde as linhas do comboio se encontram e seguem juntas depois...

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