domingo, 12 de setembro de 2010




"Eu fui devagarinho
Com medo de falhar
Não fosse esse o caminho certo
Para te encontrar
Fui descobrindo devagar
Cada sorriso teu
Fui aprendendo a procurar
Por entre sonhos meus

Eu fui assim chegando
Sem entender porquê
Já foram tantas vezes tantas
Assim como esta vez
Mas é mais fundo o teu olhar
Mais do que eu sei dizer
É um abrigo pra voltar
Ou um mar pra me perder

(...) "

Gente Perdida - Mafalda Veiga




(Eu - Agosto 2010)

Estes dias tenho tentado editar e organizar algumas coisas que fui escrevendo e por isso tenho-me confrontado com alguns textos que escrevi e que me continuam a fazer pensar. 

Manta de Retalhos - Setembro 2006

"Sinto-me uma autentica manta de retalhos. Retalhos de várias vidas, várias pessoas, de sonhos e desilusões.
Eu sei que sou um pouco aquilo que as outras pessoas me fizeram ser, hoje sou uma pessoa que foi sendo transformada por outras. E sinto-me incompleto, um conjunto grande de pequenos momentos.
E nesta nostalgia toda, sinto que me falta tanta coisa...
Sinto a falta das conversas com "A", dos olhares trocados com "B", dos carinhos de "C", dos sermões de "D", das brincadeiras de "E", das idas ao cinema com "F", dos mimos de "G", dos jantares de "H", do que fazia com "I", das tardes com "J", dos cafés com "K", de faltar ás aulas com a "J"...
O mais estranho, não é sentir a falta de tantas pequenas coisas ou sentir a falta de tantas pessoas que ao longo dos anos tenho conhecido e me são proximas. O mais estranho é sentir que estou diferente, que sou diferente do que era com essa pessoas... e sei que em certas coisas, estou diferente para pior...
Uma pessoa, um dia disse-me que "era um bocadinho de muitos lugares", eu sinto-me assim, um bocadinho de varias pessoas e ao mesmo tempo não sou inteiro de ninguém...
"


Os dois pés nos chão - 2007



(Experiência caseira - Pinhole 2007)

"Descobri que gosto de ti! Descobri que gosto de pensar que gosto de ti e descobri que isso me faz sentir bem. Não sou outra pessoa, não me elevei a um estado superior, não cresci ou engordei, não tive nenhuma experiência extra-terrestre, ninguém me disse ou me fez acreditar nisso, apenas acordei assim um dia! Acordei com o pensamento em ti e desde logo soube que gostava de ti. E agora? E agora nada... não tem necessariamente que haver alguma coisa para além do nada que já tínhamos.
Tu, não sei se sabes, mas eu sei e isso para já basta-me!
Gosto de ti. Como? Como se gosta de alguém. Sinto-me bem contigo, gosto de te olhar, gosto de te ouvir, imaginar fotografias e filmes em cenários que sei que gostas e outros que sei que gostarias de conhecer.
Mas dois pólos, de igual carga, tendem a afastar-se, fazendo valer as mais básicas leis da física e da atracção entre dois corpos e isso é suficientemente forte para se sentir e se notar...
E tendo os dois pés bem assentes, sei que entre o "eu gostar" e o "gostarmos os dois", há diferenças... Diferenças enormes!
Mas eu gosto das reticencias no final das frases, evito os pontos finais e fujo dos parágrafos novos, com a mesma rapidez com que fujo ás perguntas mais insistentes e cujas respostas mais me custam dar...
As distancias aumentam com os silêncios e as ausências, mas diminuem com a mesma rapidez, havendo vontade.
Tirando máquinas digitais e outras máquinas mais ou menos automáticas como as famosas polaroides, onde tudo acontece tão automática quanto instantaneamente, desde o processo de captura de um momento/imagem até à sua obtenção, em filme ou papel, há todo um processo, etapas com tempos e procedimentos específicos e factores como tempo, observação e espera são fundamentais para um bom resultado final.
Gosto de ti, acordei um dia a pensar dessa forma e de certa maneira isso faz-me gostar de mim, faz-me pensar em ser diferente, estar diferente, crescer, ser maior, mais inteiro nos actos e nas promessas que faço e nas palavras que digo. Tudo o resto... já existia antes de eu acordar a pensar assim.
E porque só agora? Porque gosto de equilíbrios, de pausas e reflexões, de certezas e porque muitas vezes a primeira coisa em que pensamos quando acordamos, não passa da continuação de um sonho, que se esfuma ainda antes do banho de chuveiro nos minutos a seguir ao levantar. Precisei de acordar a pensar na mesma coisa e na mesma pessoa, algumas vezes, para ter a certeza que não era só sonho ou restos de sono a falarem e pensarem por mim..."


E assim vão seguindo os meus dias, entre recordações, de lugares, pessoas, sentimentos, cheiros, emoções e de muitas outras coisas e o presente e a forma como o vivo e penso no futuro. Tudo acontece por alguma razão ou então simplesmente acontece porque tem que acontecer e pela razão que quisermos atribuir...
Termino com as palavras de Caetano Veloso : 

"Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz"

(Sonhos - Caetano Veloso)

Sem comentários: