quarta-feira, 22 de setembro de 2010




"Não é fácil, não pensar em você
Não é fácil, é estranho
Não te contar meus planos, não te encontrar

Todo dia de manhã enquanto eu tomo o meu café amargo
É, ainda boto fé de um dia te ter ao meu lado
Na verdade, eu preciso aprender
Não é fácil, não é fácil

(...)
Marisa Monte - Não é Fácil - Memórias, Crônicas e Declarações de Amor

Do nada surgem vozes, imagens, lembranças de pessoas que passaram e levaram alguma coisa com elas... pedaços meus, momentos partilhados e historias vividas. Tudo aconteceu, tenho a certeza, há fotografias que o provam, não são apenas memorias e recordações minhas ou historias e pessoas inventadas e "desinventadas" por mim.
Musicas que tocam, livros de que alguém fala, filmes que passam repetidos na televisão, camisolas que pego sem pensar no armário, escovas de dentes que encontro perdidas na gaveta e que me demoro deitar fora, cadernos antigos com folhas riscadas, receitas apontadas ou telefones de contactos esquecidos, tudo serve para fazer lembrar de alguém...
Quase como na feira : mais uma moeda, mais uma volta... as minhas historias repetem-se da mesma forma, repetições e mais repetições. Mais parecendo um exercício de laboratório, com centenas ensaios, para o tratamento estatístico ser mais exacto... ou preciso, não me lembro agora...
Começo a sentir que conheço o final, a cada novo começo ha uma nova queda, uma marca que fica, algo meu que se vai. Perco-me, desgasto-me, reduzo-me e re-invento-me com a paciência de quem já conhece as peças e sabe onde cada uma encaixa...
Demoro o meu tempo, escrevo-me e descrevo-me em papeis que perco pela casa, por cadernos que perco pelas estantes, rascunhos que ficam guardados, escondo-me e afasto-me, revelo o pior de mim : o querer estar só.
Mas encontro-me. Travo nas rectas e acelero nas curvas, ando pela esquerda e dou pisca nas curvas, paro no verde e arranco no vermelho, grito golo quando a bola passa ao lado e peço bola ao ar quando a metem dentro da baliza... ando ao contrario de todos, sou o contrario de todos.
E no entanto o que escrevo, o que oiço e o que leio, são apenas palavras e palavras, são fontes de enganos...

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